Wednesday, July 13, 2005

O Portão de Ferro

Andava sozinho pelas ruas, numa ordinária tarde de quarta-feira. Lembrava de coisas agradáveis, lembraças orgânicas dos melhores anos de sua vida. Avistava um futuro perdido. As pessoas simplesmente ocupavam seus espaços, o tempo parecia não passar. Naquele momento, ele aparentava estar em todos os lugares, vendo tudo o que acontecia. Parou em frente a um portão de ferro. As pessoas começavam a notar a estranheza daquela figura. Seu semblante era o de um cinegrafista, captando imagens para um filme, com lentes objetivas no lugar dos olhos. Já era quase noite, um vento frio percorria as vielas sujas da parte alta da cidade. Um senhor se aproxima e fala para ele:

- Não adianta ficar se escondendo, em breve eles lhe acharão. Eles sempre acham. Vá pra casa antes que seja tarde.

Naquele instante, começava a se desenhar um final trágico para sua história. Seus olhos se encheram de lágrimas. Era como se sua vida tivesse perdido o sentido, o medo e a vergonha o consumiam.